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quarta-feira, 31 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap17 - Marrocos




Fui lá para o fim de 2008, em situação de pré desemprego e bem acompanhado por três Amigos meus com quem partilho profissão, um blog - não este mas o http://vagueares.blogspot.com/ já que todos laboram e até parecia mal estarem a contribuir para o blogdodesempregado... nem me seguem aqueles infelizes! - e daquelas amizades construídas online e sem necessidade de serem fomentadas... quando nos falamos parece sempre que foi ontem a última vez quando na realidade, passam-se diversos meses sem nos contactarmos... vicissitudes desta vida moderna que optámos adoptar. 

E o convite surgiu assim...
- 'Olha lá Rudas, nós vamos a Marrocos de carro para um surfcamp porreirinho...curtias ir?'
- 'Até era gajo... quantos são?'
- 'Os três vagueares...'
- 'Contem comigo!'
E lá fomos para nos tornarmos desde então - literalmente e em contexto da blogosfera... - quatro...


Durante anos a fio ouvia falar das excelentes direitas que quebram em pointbreaks perfeitos... mas confesso ter algum repúdio de tudo o que se passa a sul de Gibraltar e até ousaria dizer em termos mais generalistas,  do lado de lá do Mediterrâneo. Não sei se alguma espécie de islamofobia ténue ou africanofobia profunda me assóla o organismo mas, é um facto que não percebo a minha falta de interesse pelo continente mais rico do mundo.

Tentei demovê-los das quatro rodas e ajuntar à equação um par de asas mas não consegui. Apanhei o Pinto e o LP em Lisboa e seguimos até Elvas onde trocámos a minha montada pela carrinha do Pedro para seguir, sob chuvada intensa rumo ao ferry de Tarifa. Uma hora e meia depois tínhamos atravessado o estreito de Gibraltar e desembarcávamos em solo Africano. E tudo se tornou sujo, cinzento e caótico. Alguns kilómetros depois e já seguíamos um azimute via AE direito ao sul quando a aridez se instalou e com ela, brigadas de trânsito. Um número despropositado delas tornaram a viagem infinita. Um dia depois da partida estávamos na região de Agadir, mais especificamente em Thaghazout.

O surf nunca passou do mediano: ondas pequenas demais  e a direcção do swell fez com que se surfassem mais esquerdas que direitas. Mas as minhas expectativas eram tão baixas que facilmente foram ultrapassadas. Acabei por gostar da comida, das praias - sempre que nos afastávamos da civilização  - e dos nossos anfitriões. Vive-se devagar em Marrocos e eu gosto disso. Acabámos inevitavelmente por seguir hábitos e rituais quase que enfadonhos mas, por sermos - a par de um casal de espanhóis - os únicos utentes do surfcamp, visitámos e surfámos o que quisemos e sempre bem aconselhados pelo surfguide.

A melhor saída ocorreu quando nos dirigimos a sul, rumo ao deserto. Ainda receei que o próprio condutor se tivesse perdido mas por fim, após sucessivas subidas e descidas de dunas virgens, desembocámos numa bela enseada com uma direita - claro que pequena... - cujo potencial me deixou boquiaberto. Menos de uma dezena de casas (?) de pescadores constituíam a população local e tudo o resto era árido mas bonito.
Serenidade e tranquilidade... algo que os destinos das surftrips devem possuir independentemente da geografia, religião, hábitos ou costumes locais.
Julgo que seríamos os únicos a perturbar a paisagem, em perfeita sintonia com o velho Land Rover da década de 60 ou 70 que nos mirava de soslaio desde o alto da duna... aquela corrida até à praia fez-me voltar aos tempos em que corria pela praia eufórico, ainda criança ou talvez já em fase pré puberdade, sempre que as condições do mar faziam prever que algo mágico iria acontecer.  

As noites de fado em torno do tinto que levámos - o Pinto canta e o LP toca, eu e o Pedro gostamos de beber... - acordar para nada fazer que não passe por surfar e as conversas noite dentro acerca das respectivas mulheres e filhotes, da sociedade, as histórias do surf invariável mas requintadamente majoradas e todo um ról de crónicas que não surgem noutro contexto que não seja o de uma viagem com Amigos.
   
Apliquei ainda os meus dotes de regateador tuga no mercado local e o artesanato está bem acima - em termos de originalidade e qualidade - do naif africano que não aprecio. A quinquilharia não se coaduna com a decoração dos meus aposentos pelo que a pele e uns relógios falsos prefizeram a totalidade das minhas compras...   

Boilers, Killer Points e Mysteries entre outros, não tinham tamanho para mostrar o seu potencial pelo que desembocámos invariavelmente em praias de recurso mas sem crowd. E esse poderá ser um motivo que leve a escolher outro destino que não este dada a propensão do povo berbere para a violência frutuita - e há outro tipo? Ouvem-se no meio surfista cada vez mais relatos de confusão e conflitos aquáticos - talvez uma vã tentativa dos locais manterem em números simpáticos a quantidade de surfistas que os visita em busca do seu precioso legado - pelo que, não está para breve uma reedição deste destino na minha lista de afazeres e, a acontecer, será de avião e rumo a um resort pseudo-marroquino com praia privativa. Também vou querer seguranças dentro de água. E na areia também... definitivamente não gosto de África. É demasiado caótico. Prefiro a Ásia... LOL 



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