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Dia 1 – Entrar com os 2 pés direitos – 19JUL2011 ... surfcamppt Trip

Tinha checádo as previsões e não eram de todo animadoras: mau tempo e mar mesmo mas mesmo pequeno - à Copos por assim dizer. Havia no entanto uma boa notícia… pouco ou nenhum vento e sempre side off. Melhor que onshore - pensei eu numa de 'perder não faz mal, o que interessa é participar...', por entre mais alguns raciocínios celestiais destes.
Confesso no entanto ter ainda tentado descortinar a origem de tamanho agoiro mas avancei tranquilamente viagem adentro pois algo em mim suspeitava que os meteorologistas maldivos teriam o mesmo grau de certeza nas suas previsões que os lusos – quer sejam colegas ou políticos.
O céu brilhou quase incessantemente e o vento – pouco – soprava offshore... chuveu uma noite e as trovoadas anunciadas resolveram pastar por outras paragens. Por nos ter sido confirmada a pequenez do swell ainda no aeroporto, resolvemos adiar indeterminadamente a ida para Malé Sul e ver como pairavam as hostes por Malé Norte, sítio onde o crowd abunda e me afastou por tantos anos destes arqupélago. O barco navegava tranquilamente por águas glassadas enquanto as linhas me pareciam demasiado generosas para o presságio supracitado. O malfadado pico de Full Moon – onda de recurso para mar grande e ventos traquinas – funcionava com 4 ou 5 surfistas e seguimos viagem com destino a Sultan’s.
Chegámos e... simplesmente de gala: as linhas quebravam em duas secções distintas que em raras ocasiões se uniam. A primeira no outside mais fácil e a outra já a fugir para o adrenalizante pois a velocidade no inside praticamente duplicava - em razão inversa à profundidade da água, conforme mandam as boas regras.
Com aquela ideia do 'no pain no gain' na cabeça e ainda com o jetlag nas veias, comi uns biscoitos e cá vai disto!

Surfcamppt - Mas é claro que nas Maldivas só há ondas moles e pequenas!

Saída para o almoço, uma soneca e… mais do mesmo:
- Ondas entre os 1,5mts e 2,00mts com uns sets vassoura ocasionais a varrerem por completo a bancada e quem lá morava.
O sorriso idiota esse, teimava em não me abandonar a face.

 Surfcamppt - O 1ºdrop... Sultan's_JUL_2011

Surfcamppt - Nem sei bem o que fazer a seguir...!

ainda pálido, gordo, sem saber em que sítio da prancha deveria assentar os pés mas, feliz com todas as cores, a água e ar a 30ºC, com a ausência de um fato e surpreso por me ter esquecido da forma como voa uma prancha - por mais estranha que esta ainda nos seja - quando contextualizada num mar mais salgado e que quebra sobre bancadas de coral colorido.

Surfcamppt - Isto é mesmo tudo para mim...?

Água quente e sol, bom ambiente na água ou não fosse o número de surfistas não ter sequer atingido os dois dígitos, incluindo-nos na contagem. Não foram raras as vezes que ficámos os três no pico… e que pico!
Bons drops e um atrasanço para chapelinho que a minha mais que tudo fez questão de imortalizar. O Pedro vinha a entrar e passou por mim com um sorriso de orelha a orelha quase maior que o meu. Noto perfeitamente o peso excessivo mas o facto de não carregar alguns quilos de neopreno ensopado quase faz sentir que talvez tenha excedido um pouco na espessura da prancha… quase.
Fica a sequência para desmentir parte da vossa ideia que sou um mentiroso do caraças quando afirmo que não há melhor destino que este!!!

surfcamppt - :):)

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Dia 0 - Não ha duas sem três

Nota Introdutória:

Tenho um hábito comum a muitos dos pseudo viajantes que poraí deambulam... o de levar um pequeno caderno para assim tomar notas das vivências em terras além fronteiras. Fui-me apercebendo que só assim seria capaz de recordar pormenorizadamente determinados episódios ou passagens. É chato ter depois que transcrever páginas infindáveis de forma a imortalizar memórias mas, há sempre a chance de lá mais para o futuro inventarem uma máquina de forma a rescuscitarem quem tão graciósa e generósamente partilhou experiências com os demais.... ou isto ou meter uma dose nojenta de inveja a demasiados.

O pequeno meio-metro das Maldivas - Sultan's

Preâmbulo:

Resolvi este mês quebrar uma velha promessa - a de não mais regressar às Maldivas.

Estive cá em 2003 e correu tão bem que resolvi repetir a dose no ano seguinte. Só que o crowd havia duplicado e assim ultrapassado todos os parâmetros razoáveis - e os meus são de facto mínimos - dentro de um contexto de quem investe por inteiro o subsídio de férias.

Aguardei alguns anos que me convidassem para algum destino sedutor. Tenho-me em conta - assim como tantos outros - como uma besta, mas daquelas que consegue ser agradável e bom - ou vá assaz - agradável e justo companheiro de viagem. Mas a verdade é que o supracitado nunca me foi proposto.

Depois de comunicar em casa que queria surfar algo que me auxiliasse na árdua tarefa de recompor o ego - contextualizando surfisticamente claro... - a minha mulher informa-me que pretende ir e que adocivava ainda mais a sua ida com a aquisição de uma lente de 300mm de forma a imortalizar-me as modestas performances. E fê-lo desta forma singéla: '-Eu vou contigo. Ponto.' Tentou-me ainda dar a volta ao destino já traçado pois não pretendia repetir as Maldivas, tentando-me em fazer-me a mim repetir a Indonésia. Não logrou no entanto alcançar sucesso dado que as minhas pretensões eram simples: ondas fáceis, quentes, sem crowd e a não mais de 12h de distância.

Convidei bastantes mas poucos vieram. No entanto bons: os meus compadres e um amigo de longa data. Tentei - literalmente - ao longo de uma vida convencer o Carlos que surfar em corais compensaria alguma falta de jeito que de facto temos em comum. O problema resumia-se - à semelhança de tantos outros - de querer viajar mas manter a quantia de €€€ na conta. Talvez o facto de não se sentir muito à vontade em fundos de rocha o tivesse também levado a declinar durante anos os fundos de coral. Já o Pedro por seu lado é um habituée destas andanças. É a sua 4ªvinda e convenço-me que não a última...

A viagem é um massacre e o corpo já chorava por clemência. Com o avançar da idade deixei de ser um fervoroso fã de aeroportos. Ainda gosto de mega estruturas, dos aviões e de observar a vida própria que estes locais possuem: o corropio de pessoas, os stressados, as jeitózas e a panóplia de gente que trabalha porali apenas porque os aviões sobem, voam e descem. Lisboa a Barcelona, daqui a Doha e de lá até Malé. Tudo em menos de um dia mas perdendo 4h em fusos horários sucessivos.

A semana precedente foi de loucos: o trabalho/calvário, aniversários diversos e festas inerentes, compromissos e um sem número de notícias que fariam chorar a mais insensível pedra de calçada: começando pela economia, passando pelos assaltos e acabando nas vítimas de acidentes rodoviários.

Eis que senão tudo se encaixa quando sobrevoamos - tal águia real - os diversos atóis na aproximação à pista.

Aterrámos e as pranchas aparecem pouco depois. Um simpático colaborador da TakeOff encaminha-nos para o Doni (pequeno barco de apoio) informando-nos que o barco fora trocado: mantém-se o Ensis enquanto nome mas a designação para o apelido passara de Felicity para Bounty... assegura-nos que são iguais por dentro variando apenas por fora dado que um está pintado e o outro não.

Ao aproximarmo-nos verifico o mau aspecto da nau mas o susto diz apenas respeito ao exterior pois as cabines são grandes e muitas e o verniz marítimo brilha ostenciósamente um pouco por todo o barco. 28mts de barco para 5 curiosos. O móte estava dado, fomos procurar ondas...

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Blogdoexdesempregado - Cap41 - A Sul tudo de novo

'Depressão' era a palavra que todos os dias me assolava a mente. Levantar da cama passou a parecer obra do mais célebre e conhecido solteiro mas chifrudo do mundo - Lúcifer. Entrar no carro rumo a Carnaxide o caminho para o calvário. Entrar no contentor e ligar o portátil uma moca com pregos fustigando em ritmo dance music a tomateira - especificando, alternadamente um testículo e depois o outro.

A propósito de dance music, carrega no play:


Agora que já abanas o capacete, deixa-me retomar a história... descia A8 deprimido como de costume e escutava a mesma melodia que tu agora. E confesso-te - a ti mas só a ti - que cheguei a roer-me de inveja por não ter sido eu o gajo que já não vai fazer mais um boi nesta vida por ter inventado uma música com 2 palavras. É pá... mais uma daquelas que deixa com facilidade qualquer português que já foi da classe média e agora está na baixa, na merda.
E então decidi fazer uma chamada telefónica:
- vi ontem na net que na próxima quinta feira o mar está grande e o vento fraco de NE. Queres vir ao algarve (recuso-me a alinhar naquilo dos 2 'Lês') e metemos o surf em dia? Já não surfo vai para cima de um mês...
- pá... vou a barcelona em trabalho.
Esta foi a 1ªtentativa.
- Compadre, tou a dar as últimas. Vens surfar ao algarve comigo?
- Não estás pior que eu de certeza... arrancamos 4ªfeira à noite ou quinta pela fresca ok?

E eis que te estou a escrever nesta bela sexta feira 25 de Fevereiro de um qualquer quarto de hotel de Lagos. Estou durido do dedo mindinho do pé direito ao sobrolho esquerdo, e tenho a cara a latejar de tanto sol nestas últimas 48h. Mas tanto surf... do bom. Um tubo para lá de fabuloso levou-me ao além e foi por lá que dei cabo das minhas 100 prometidas virgens - isto apesar de todo roto. Depois uma quantidade obscena de ondas bem surfadas ofuscaram as dezenas de mal surfadas e o ego inchou. Temos surfado 6h por dia um pouco por todo o lado e amanhã já regressamos a casa. Volto de peito inchado e com aquela cor de gente feliz. A que surfa.


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Blogdoexdesempregado - Cap40 - Desencontros

Voltando ao que já foi... carrega no play:


Placebo and Pixies - Where is my Mind
Enviado por mgrego. - Explore outros vídeos de música.

É assim que qualquer surfista se sente quando afastado por demasiado tempo do seu contexto preferido - à procura da mente. Dependendo das fases em que me encontro, este desencontro - redundância propositada... - poderá ocorrer tanto ao fim de 48h como de dois meses. Nestes últimos meses é o meu estado constante... daí que também não venha a contribuir assiduamente para estas crónicas.  

Quando era puto desejei ser montes de coisas e entre elas não constava a parte do astronauta mas sim uma escolha entre piloto e biólogo marinho... a primeira não deu dada a minha miopia e a segunda não se proporcionou pois não haviam aulas à noite. Em comum tinham tratarem-se de profissões com vasto campo em termos de local de trabalho... e poderia estar perto do meio aquático. Da minha queda para o desenho ainda poderia vir a arquitectura mas como só de dia e sempre fui pobre... engenharia à noite. 

Depois veio o surf a sério e enquanto viciado-recém-adulto já trabalhava nalgo que nada me dizia mas sempre dava dinheiro para estudos, pranchas e viagens.

Surfcamppt Owner - Canárias... mil novecentos e troca o passo...

Embora nunca ambicionasse ser surfista - por estar certo que não nasci para a coisa - a tempo inteiro, sempre procurei estar perto do mar com pranchas por perto. Nos meus já há muito idos tempos bélicos acabei por acentar arraiais na Base das Lajes - disseram-que nas formósas ilhas dos Açores se encontravam ondas com pouco crowd... - e chegava a ir surfar à hora do almoço quando regressei a Lisboa quase dois anos volvidos. Mais tarde e já na construção, foi com naturalidade que troquei uma carreira ambiciósa em grandes empresas por empreitadas pequenas em xafaricas familiares mas que me davam tempo de sobra enquanto homem do mar.

Reflectido no nome das crónicas está a minha queda natural para o desemprego e é nesses períodos que tenho tempo para as ondas, a escrita e a família daí que estranho os maníacó-depressivos que com direito a subsídio se enfiem em casa ou no café apregoando desgraça e infortúnio. Embora no meu entender o desemprego deva ser encarado como uma pré-reforma bastante antecipada... é pelo bem estar nacional que teimo em considerar o mesmo enquanto estado efémero.

Mas certo é que a actual conjuntura não nos permite escolher, optar ou sair à procura de algo melhor... pelo que mais vale acreditar que daqui a dois ou três fins de semana vou meter nóvamente o surf no pé aqui perto de casa e que ganhar 14 salários por ano me vai permitir rumar ao Índico no próximo verão.

A música já acabou não foi...? Então confesso-vos onde estava a minha enquanto dedilhava (+) este desabafo...

Surfcamp Owner

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