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quarta-feira, 31 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap17 - Marrocos




Fui lá para o fim de 2008, em situação de pré desemprego e bem acompanhado por três Amigos meus com quem partilho profissão, um blog - não este mas o http://vagueares.blogspot.com/ já que todos laboram e até parecia mal estarem a contribuir para o blogdodesempregado... nem me seguem aqueles infelizes! - e daquelas amizades construídas online e sem necessidade de serem fomentadas... quando nos falamos parece sempre que foi ontem a última vez quando na realidade, passam-se diversos meses sem nos contactarmos... vicissitudes desta vida moderna que optámos adoptar. 

E o convite surgiu assim...
- 'Olha lá Rudas, nós vamos a Marrocos de carro para um surfcamp porreirinho...curtias ir?'
- 'Até era gajo... quantos são?'
- 'Os três vagueares...'
- 'Contem comigo!'
E lá fomos para nos tornarmos desde então - literalmente e em contexto da blogosfera... - quatro...


Durante anos a fio ouvia falar das excelentes direitas que quebram em pointbreaks perfeitos... mas confesso ter algum repúdio de tudo o que se passa a sul de Gibraltar e até ousaria dizer em termos mais generalistas,  do lado de lá do Mediterrâneo. Não sei se alguma espécie de islamofobia ténue ou africanofobia profunda me assóla o organismo mas, é um facto que não percebo a minha falta de interesse pelo continente mais rico do mundo.

Tentei demovê-los das quatro rodas e ajuntar à equação um par de asas mas não consegui. Apanhei o Pinto e o LP em Lisboa e seguimos até Elvas onde trocámos a minha montada pela carrinha do Pedro para seguir, sob chuvada intensa rumo ao ferry de Tarifa. Uma hora e meia depois tínhamos atravessado o estreito de Gibraltar e desembarcávamos em solo Africano. E tudo se tornou sujo, cinzento e caótico. Alguns kilómetros depois e já seguíamos um azimute via AE direito ao sul quando a aridez se instalou e com ela, brigadas de trânsito. Um número despropositado delas tornaram a viagem infinita. Um dia depois da partida estávamos na região de Agadir, mais especificamente em Thaghazout.

O surf nunca passou do mediano: ondas pequenas demais  e a direcção do swell fez com que se surfassem mais esquerdas que direitas. Mas as minhas expectativas eram tão baixas que facilmente foram ultrapassadas. Acabei por gostar da comida, das praias - sempre que nos afastávamos da civilização  - e dos nossos anfitriões. Vive-se devagar em Marrocos e eu gosto disso. Acabámos inevitavelmente por seguir hábitos e rituais quase que enfadonhos mas, por sermos - a par de um casal de espanhóis - os únicos utentes do surfcamp, visitámos e surfámos o que quisemos e sempre bem aconselhados pelo surfguide.

A melhor saída ocorreu quando nos dirigimos a sul, rumo ao deserto. Ainda receei que o próprio condutor se tivesse perdido mas por fim, após sucessivas subidas e descidas de dunas virgens, desembocámos numa bela enseada com uma direita - claro que pequena... - cujo potencial me deixou boquiaberto. Menos de uma dezena de casas (?) de pescadores constituíam a população local e tudo o resto era árido mas bonito.
Serenidade e tranquilidade... algo que os destinos das surftrips devem possuir independentemente da geografia, religião, hábitos ou costumes locais.
Julgo que seríamos os únicos a perturbar a paisagem, em perfeita sintonia com o velho Land Rover da década de 60 ou 70 que nos mirava de soslaio desde o alto da duna... aquela corrida até à praia fez-me voltar aos tempos em que corria pela praia eufórico, ainda criança ou talvez já em fase pré puberdade, sempre que as condições do mar faziam prever que algo mágico iria acontecer.  

As noites de fado em torno do tinto que levámos - o Pinto canta e o LP toca, eu e o Pedro gostamos de beber... - acordar para nada fazer que não passe por surfar e as conversas noite dentro acerca das respectivas mulheres e filhotes, da sociedade, as histórias do surf invariável mas requintadamente majoradas e todo um ról de crónicas que não surgem noutro contexto que não seja o de uma viagem com Amigos.
   
Apliquei ainda os meus dotes de regateador tuga no mercado local e o artesanato está bem acima - em termos de originalidade e qualidade - do naif africano que não aprecio. A quinquilharia não se coaduna com a decoração dos meus aposentos pelo que a pele e uns relógios falsos prefizeram a totalidade das minhas compras...   

Boilers, Killer Points e Mysteries entre outros, não tinham tamanho para mostrar o seu potencial pelo que desembocámos invariavelmente em praias de recurso mas sem crowd. E esse poderá ser um motivo que leve a escolher outro destino que não este dada a propensão do povo berbere para a violência frutuita - e há outro tipo? Ouvem-se no meio surfista cada vez mais relatos de confusão e conflitos aquáticos - talvez uma vã tentativa dos locais manterem em números simpáticos a quantidade de surfistas que os visita em busca do seu precioso legado - pelo que, não está para breve uma reedição deste destino na minha lista de afazeres e, a acontecer, será de avião e rumo a um resort pseudo-marroquino com praia privativa. Também vou querer seguranças dentro de água. E na areia também... definitivamente não gosto de África. É demasiado caótico. Prefiro a Ásia... LOL 



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terça-feira, 30 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap16 - The Drifter ....Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

Estava para ver um filme desses do tunning este fim de semana - na Sic ou na Tvi... falha-me agora a memória e a vontade de ir ao teletexto - passado. Talvez por partida do meu subconsciente e alergia do mesmo aos alargadérrimos espaços publicitários em vigor na TV dos pobres, acabei por não o ver. Vistos e revistos que estão aqueles magníficos exemplares da arte de bem consumir gasolina acima ilustrados, acabei por dar por mim a ler o Correio da Manhã num qualquer tasco penicheiro.

O mar estava uma trampa do ponto de vista surfístico e lá deixei os putos em plena sessão turística pela península com os outros monitores. Fui com o meu herdeiro sanar a foméca que manhã fóra se fora (adoro este trocadilho e raras vezes o uso... maravilhas do desemprego) acumulando... e li. Além de uns quantos mortos, atropelamentos e referências a gangs, diversas páginas referiam-se às derrapagens... daí o nosso drift da crónica de hoje.

Uma obrita que fugiu um pouco ao projecto, um orçamento mal esgalhado e as previsões do banco de portugal cujo presidente já tem um pé em Bruxelas faz tempo. Tudo derrapa como se não houvesse dinheiro para os pneus... e logo num país abundante em petróleo quanto o nosso. O consumo diminuiu e apesar dos incrementos na exportação, a balança é-nos assaz negativa. Face ao cada vez mais próximo incremento dos juros - maravilhas oriundas da eminente recuperação europeia dos gajos lá do meio excluindo os cá da ponta... - e ao congelar dos salários e diminuição das regalias e benefícios sociais, adivinha-se um futuro de slides dantescos.

No entanto a minha vitela estufada estava excelente... depois avancei para aquela página do mercado imobiliário sexual e da outra onde se sabe o passado e as medidas da namorada do CR9 desta semana. Fiquei logo melhor e pedi a sobremesa.

Um cronista - ainda pior que eu por mais estranho e surpreendente que isto possa soar... - tornou-me a alertar para o cenário escorregadio que palmilhamos já com os pneus completamente carecas e vai de listar atropelamentos e relacioná-los com o desaparecimento da BT. Como é de euros que falo hoje, lá estava a inevitável relação de tudo isto com a diminuição da facturação destas entidades. 'Já não se passam multas como nos tempos de outrora...' - li eu num dos cinzentos parágrafos do diário. Pelo que numa de tentar ajudar a economia nacional - apesar do meu estatuto de surfista desempregado - acelerei a fundo para o café... mas que para malgrado do Sòcrates estava a escaldar pelo que, somando este facto ao preço do diesel - mesmo na bomba do Jumbo - não passei dos 50Km/h e os pneumáticos nem chiaram com a falta de celeridade com que me ausentei do estabelecimento comercial...

... e não, de facto não pedi factura. Tss, tss, tss... lá derrapei eu baixinho.

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segunda-feira, 29 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap15 - O meu melhor Amigo ..... Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

Está o Surfcamp cheio... férias escolares e então cá vai disto: crianças e teenagers em surfer's campus!

Tinha portanto que ir para a praia ajudar o resto da comitiva mas teria ainda umas voltas importantes antes de lá chegar. Estava sol mas vento e há surfadas que só sabem bem pela companhia... convicto que hoje seria um desses dias, convidei o meu melhor Amigo a acompanhar-me em mais uma jornada no papel de um surfista desempregado:
- Queres vir fazer umas ondinhas comigo?
- É pá... desde o ano passado que não meto os pés numa prancha...!
- Na boa, eu ensino-te e o Sócrates paga-te a aula...!
O dia de todos os 700.000 da minha espécie começa - pelo menos com cadência quinzenal - com uma ida à junta de freguesia ou centro de emprego da área da residência. Temos que carimbar um papel. Disseram-me que o objectivo prendia-se com o facto de não estarmos de férias pelo que assim não nos poderíamos ausentar em demasia da área da residência. Género pulseira electrónica em pequena escala mas por um crime que não cometemos... e lá fui pela enésima vez. Estacionámos e perguntei-lhe se vinha comigo, ao que acedeu.

Ao contrário do que vinha sendo hábito, hoje não fui atendido pelas musas que prefazem o quadro de pessoal daquele estabelecimento oficioso mas sim pela preguiça em pessoa. Um fulano que conheço de vista da noite torreense de especto peculiar: metro e meio de gente , cabelo pelo ombro com lacuna pronunciada à Franciscano, barriga proeminente e pés às dez prás duas. Tudo somado e poderão adivinhar que o deslocar da vedeta- claro que vagaroso ou não fosse aquele o personificar do funcionário público - faz rir qualquer gajo que ali se apresente pelas piores razões... as minhas.

Dei-lhe o BI e o impresso (claro que há um papel...) e o dito cujo, após rápido (!) teclar lamenta o facto de não dar. 'Não dá?'  
Pediu-me desculpa mas não dava. Não reagi. Do género...: 'olhe, quero atestar o depósito sff'. E a este suplicar responderem-me um... 'Peço desculpa mas hoje só atendemos aviões'.
E então dirigi-me ao Centro de Emprego para averiguar o que se passava... queríamos surfar mas, aparentemente, o filósofo engenheiro e primeiro ministro tinha-me cortado as vázas.

Paguei o estacionamento - confesso ter tido uma nítida sensação de dejás vu - e lá fomos os dois, o meu melhor Amigo e eu. Quatro pessoas à minha frente. Aguardámos e à chamada, dirigi-me ao pálido assistente... averiguaram o meu caso e não se passava nada. Fui para a praia e pensei em dizer-lhe para vir connosco. Passaríamos então a três mas calculei que o espírito de missão lhe gotejava nas veias e talvez pelo pouco caudal, surtisse aquela cor...  deixei o convite por dizer. E fomos.

Parámos para comer algo e em plena hora de almoço juntámo-nos aos supracitados surf campers. Fomos pondo a conversa em dia e depois lancei-me à água com ele. Nem levei prancha de forma a não cair em tentações desnecessárias pois ondas não me vêm faltando. Dediquei-lhe todo o meu tempo e passado pouco mais de uma hora já raramente caía. Empurrava-o mar adentro e depois em sentido contrário quando a ondulação nos visitava. Os risos e gritos eufóricos acompanharam-nos por três horas e voltámos para o carro já exaustos.

Viémos para casa e preparei-nos o lanche... adormeceu aqui no sofá e poraqui ficou enquanto lhe fui buscar as irmãs... prometi-lhe que amanhã repetiríamos a dose. Ao fim e ao cabo, o nosso melhor Amigo é apenas um e por ele tudo.




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quinta-feira, 25 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap14 - As Maldivas


Todo o surfista e/ou casal de namorados deveriam ser obrigados a pernoitar uma temporada por lá...

No contexto da minha anteriormente referida paixão pelo Índico, como muitos outros destinos tropicais, a beleza natural e a fauna marinha das Maldivas são de uma diversidade e riqueza esmagadoras. Farto de ouvir os relatos dos outros, indaguei um pouco na net e por todo o lado o arquipélago foi-me sendo sucessivamente propostos como o destino de sonho a ter em conta por surfistas de qualquer nível e que quisessem ter a seu primeiro contacto com o coral em contexto relativamente seguro...

Aos mais cosmopolitas que foi no aeroporto internacional de Male, capital tão insularizada quanto tudo o resto por aqueles lados que, pela primeira vez na vida adorei andar de taxi... deixo uma imagem do mesmo e espero que percebam que dificilmente encontraria melhor forma de concluir a viagem após 10h dentro de uma aeronava!


Já no esquecido ano de 2003 existia a internet e o google levou-me a uma pequena agência espanhola. Uns quantos mails depois o valor aproximou-se do que eu perspectivava - 1.500,00€ - e ao preço em conta pelas duas semanas - uma no barco e outra num resort de qualidade mediana , o Lohifushi numa época de pré-restauro - teria ainda um bónus que afastaria o receio de ser o único português a bordo: o promotor da viagem iria nessa mesma semana pela sétima vez consecutiva e como tal, o barco não estaria apinhado de surfistas e seriam propostos breaks alternativos aos surfistas tendo em vista o melhor surf disponível com o menor crowd possível... e fui! Logo em Madrid os espanhóis adivinharam quem eu era - talvez por não haver mais nenhum gajo sózinho com um saco de pranchas à tiracolo... - e a empatia foi geral.

Da primeira semana passada em regime boat trip, ficaram gravadas na memória surfadas incríveis em condições épicas de mar glass, água quente, golfinhos e tartarugas, pouco crowd e algo que não me tinha sucedido até à data... ficar farto de surf. Cheguei mesmo a estar realmente saturado de tanto surf: começávamos pelas 7h da matina e com alguns intervalos de rehidratação pelo meio, dávamos a jornada como encerrada cerca das 17h...
Também porisso e pelo crowd insuportável, na segunda semana passada em contexto de lua de mel, fui praticamente obrigado a entrar na água pela minha mulher. Tanto namoro também chateava e queria tirar-me umas fotos... como me recusei a surfar no resort dados os outros cem surfistas lá hospedados, por duas vezes lá fomos num pequeno barco e a troco de 10 dólares, fomos surfar aos spots que na semana anterior havia percorrido exaustivamente e vezes sem fim!


Sendo um arquipélago com prazo de validade - transformado em submersível de um sentido apenas (para baixo) algures por 2020 - apesar de não ter a riqueza e variedade cultural da Indonésia, o artesanato não escapar ao que vemos na loja do Gato Preto e a comida não ultrapassar o mediano, em conjunto ou mesmo só, não deixem de dar uma passagem por lá pois os peixinhos agradecem e cores daquelas não nos são permitidas neste meridiano...

Não há lá cangurus, mas em todo o caso também nunca vos disse que surfava bem... portanto:





Blogdodesempregado - Cap13 - O México .... Powered by surfcamp portugal holidays&accommodations

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'Água quente, fundo de areia, ondas boas, perfeitas e grandes e tudo muuuuuuito barato!!!' - foi o peixe que me venderam corria o já distante ano de 2005.

Fui então convidado por um amigo que surfa apenas ocasionalmente - apesar de viver a 50mts do areal. Nunca tinha viajado com o Presley e foi uma agradável surpresa constatar que feitios completamente díspares podem afinal ser complementares. Ao que parece, a tal vontade que já anteriormente referi - regressem por favor ao cap10... ã ã - surgiu-nos aos dois de rompante e duas semanas depois dela aparecer, consumávamos a partida.
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O que registei em Puerto Escondido foi que a água não era assim tão quente quanto constava, as ondas fechavam bastante, estiveram grandes apenas em metade da estadia e era tudo caríssimo. talvez não as cervejas. Como se não bastasse e nessa mesma quinzena, a minha cara metade ficou na costa leste num 5 estrelas, em regime de tudo incluído - algures pela extensa Riviera Maia - dispendendo a mesmíssima verba que cada um de nós para dormir num surfcamp constituído por bungalows de vime, dormindo em boliches bolorentos dentro de mosquiteiras na distante costa oeste...

A vila era até pitoresca mas totalmente reduzida ao mercado surfista gringo. O capitalismo reinava e apenas uma ida 200km mais a sul valeu os dólares investidos... Barra de La Cruz foi a melhor onda em fundo de areia que alguma vez vi na vida e nas 48h em que funcionou, consegui facturar alguns dos tubos mais compridos da minha carreira amadora.

Seguem então alguns excertos do relato de viagem:

- ‘Comé… vamos de férias pró México…?’
- Quanto é q vale…?
- ‘200cts os bilhetes… o resto logo se vê… saímos de Madrid.’
- Pode ser…
- Tou com a compra online… não dá pra voltar atrás.
- Carrega em Enter…

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 Leopoldo - L
Rudas - R
Presley

A IDA

Hora do jantar do dia anterior.
P - Puto, amanhã passamos aí por tua casa por volta das 8h30 / 9h... almoçamos com o JB em Elvas e seguimos pra Madrid... jantamos com a namorada e as amigas do Léo. Ele deixa-nos à porta do aeroporto, apanhamos o avião e lá vamos nós.
R - Vcs os 2 vão-se levantar de madrugada pra me apanhar aqui em Sta...? Não é melhor eu deixar o carro aí em Peniche...?
P - Népias, népias. É só o Léo carregar a carrinha e arrancamos logo praí... seguimos pra Lisboa e sempre por AE até Elvas.
R - Tu qui sabi.

Meio dia do dia seguinte.
L - Fosgasse Rudas, moras longe comá merda.
R - Cstumo demorar meia hora pra ir surfar a tua casa...
L - Mas já cá não vinha a Santa Cruz há bués de anos pá. Acho q nem nunca aqui surfei... isto é mesmo muita longe.
P - Este gajo disse q ía ali carregar a carrinha e q já vinha e aparece-me 3 horas depois...
L - Dasse. Putos do caraças. Um gajo disponibiliza o transporte e ainda 'tão praí mal contentes. Devem pensar q vos vou apresentar às espanhólas assim!!!!

E aí vamos nós Portugal abaixo.


L - Lá da velha guarda de Sta Cruza não conheces o... o... o...
R - Claro, e estava com eles dentro d'água na cena em q... e em q... e os tiros q o... disparou pró... e em q o... mijou pró párabrisas do .... e depois cagou aquilo tudo com areia.
L - Por isso é q evito ir praí mesmo qd está quase flat aqui em Penix. Vcs são muito hardcore... eu curto é fazer as minhas e q ninguém me f.. os abanos.
R - Sta Cruz é q é hardcore...? Vai gozar c'o caraças!!!!
L - Nós em Peniche é tudo rapaziáda fixe. Os piorzitos são os bb's. Nem nós nos damos bem com eles...
P - Minha rica Alcobaça q não é a Batalha... cambada de animais.
R - Oh Léo... liga o Ar condicionado sff.
L - Não q se gasta muito gasóleo.
P - Mas oh gajo, quem vai pagar o gasóleo somos nós.
L - Depois a carrinha anda menos.
R - Mas assim demoramos uma eternidade pra almoçar pá... já saímos de minha casa tarde pra caraças e o J tá à nossa espera pra almoçar.
L - Fosgasse, putos do caraças pá! São piores q as mulheres pá...


4 da tarde, Almoço Principesco em casa do honorável JB e sua distintíssima famélga.
JB - A última vez q fui lá acima surfar - fds passado - Peniche não era tão longe! Onde andaram vcs pá?!?!?!
L - O Rudas tem casa no cú de Judas pá.
P - Nem comento.
R - Pensar q foi este gajo q me fez a minha primeira prancha por medida, dasse.
JB - Vcs cowboys do Oeste são do piorio... piores q as mulheres.
L - Foi exactamente isso q eu já lhes disse. Meninas do caraças... já não se fazem homens como os da nossa geração.

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Falou-se de surf, gajas, política e viagens. Voltámos às gajas e fomos visitar o Parque Empresarial q pertence ao JB sob o pretexto de embalar as pranchas... távamos a pensar q íamos beber mais uma ou duas mas afinal embalámos as pranchas. Beijinhos ao J e zarpámos então pra Madrid. Pelo caminho desmarcámos o jantar. Confirmámos como se chegava ao aeroporto. Isto tudo em espanholês q até a nós nos custava entender.


L - Más cariño, qual és la puta de la autovia.
R - Pergunta se é a M30, M60 ou M90.
L - Si... si.... si.... te entiendo. Hasta luégo q hablaremos pronto. Si... si.... eu a ti também e isso.
P - Mas tu percebes espanhol...?
L - Há qts anos lá vou shapar pranchas ó caramelo?
P - Não foi isso q te perguntei... liga o AC.
R - Tamos a ficar sem gasóleo.
L - Isso eu tb já sei... e vcs ainda me f... a cabeça com o AC. Burros pá.

Quase sem gasóleo, entrámos numa área de serviço. Como não tinham gasóleo, fomos prá segunda. Comemos gelados, comprámos bolachas e caramelos. Fomos pra Madrid.


R - Léo, tamos na altura das decisões... era a M30 ou M60...? Lembrei-me q a M90 não é de certeza.
L - Sei lá eu bem...
P&R - ?
L - Não percebo metade das merdas q ela me diz q querem vcs q eu vos faça?
R - Vamos perder o vôo...
P - Confesso q estou a ficar stressado.
L - É pá q cambada de frôxos c'o caraças...
R - Não viras aqui...?
L - Não.
R - Mas olha q devias... assim vamos parar ao meio de Madrid.
L - E então...?
P - O trânsito é pior q em Peniche Léo.
L - Vcs tão-me a por nervoso pá.
R - Imagina-nos a nós com os bilhetes no bolso.
L - Ena c'a trânsito do caraças... tudo parado!!! Vcs acreditam nesta merda!?!??!

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Chegámos já na hora do check in devido às obras. Estamos a descarregar o carro, cheios de fome e aparece a namorada do Leo,a mana e uma amiga. Enganei-me... A amiga. Linda, loira, bronzeada, simpática nas horas e com dois belos e escandalósos implantes capazes de fazer viajar o mais sedentário dos homossexuais.

LoiraBpa- 'Mas vósotros não se quedan para cenar????'


Olhámos um pró outro e ainda estivemos pra ficar por ali 15 dias e cagar no méxico... O Leo desapareceu com as 3 babes. E nós rumámos ao outro lado do Atlântico.

PUERTO ESCONDIDO UNDERGROUND


Sexta ou sétima hora consecutiva no Aeroporto Internacional da Cidade do México.
P - Tou farto de andar de avião... estas esperas entre vôos partem-me a cabeça.
R - Devíamos ter vindo de autocarro então...
P - Qtas horas são até Puerto mesmo????
R - Uma e pouco... é num instante. Avisa-me se o meu mp3 e os sudokus te estão a estorvar.
P - Isto é com cada gaja...
R - Altas músicas q o Brother maya me mandou.
P - Será q há internet por aqui????
R - Deve de estar na oooooutra ponta do aeroporto.
P - Vou lá.
R - Ufffffff

Dez minutos depois.
P - Não curto aqueles teclados metálicos. E olha lá... tens q estar sempre a fazer essas merdas desses sudokus????
R - Estimulam o intelecto... é a única forma de me aproximar do teu nível.
P - Fosgasse... mais valia ter vindo sózinho. Não me ligas nenhuma pá!
R - Tou contigo desde ontem... ainda vamos estar juntos mais 2 semanas. Pra q queres falar já tudo hj ó aventesma...?
P - Mas como consegues estar tanto tempo calado...?
R - Tens conversa pra todas as ocasiões não tens?
P - Estão-nos a chamar pró Check-In... Buga!
R - Não dá pra ouvir meeeeesmo uma música inteira pois não?

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Levantámos e aterrámos. Como qq surfista em território novo, começámos a tentar deslindrar se as linhas q se viam lá ao fundo era o q nos esperava. Estranhamente, o mar parecia-nos pequeno. Pegar nas tralhas. O Presley foi revistado - vá-se lá saber se é daquele aspecto de drugdealer q ele carrega - e já toda a gente estava na praia chegámos nós. Ninguém nos esperava... atitude típica de bodyboarders...
(o 'B' fica pra BB pois nem interessa distingui-los. O T é de Taxista)
R - É pá... é Rock qq coisa. Ou Away não sei de onde. Olha... é onde estão 6 portugueses juntos!
T - Deverá ser então aqui perto. Vou perguntar...
P - Este gajo tá-nos a dar a banhada...
R - Tb me parece... isto é tão pequeno q cheira-me a esturro.
T - Não... não é este. Paremos no próximo... Não. Este tb não é.
R - Então pagamos já, ficamos aqui e procuramos nós a pé.
P - Bora.
T - No no... só falta mais um.

Como não poderia deixar de ser. Era aquele. O último. Grande coincidência. Um bafo do caraças, tudo na praia e nós às voltas de taxi.
R - Qt é então....?
T - 2500 pesos.
R - Disso não tenho. Toma lá 5 eur q esta é q é a moeda do futuro.
P - Tás doido?????
R - É o justo... olhós gajos ali!!!! O maya tinha-me dito q do aeroporto aqui eram mil paus o ano passado.
T - Cóños, Hijos de .....
R - Oh Palhaço!!!! Tás fino ó quê?????
B - Tás bom? Já chegaram?
R - Este é o Presley... Vejam lá não exagerem na festa de recepção. Nem parece q estamos do oooooutro lado do atlântico. Onde está o resto da malta? E o nosso bungalow?
B - Aplacam connosco. Há um lugar vago em cada bungalow. Só ficamos + uma semana.
R - Hmmmm....
P - Buga lá?
R - Olha... não leves a mal mas vamos procurar outro spot pra ficar.
B - Se é pra ficarem juntos a malta troca de boliches e conseguem ficar no mesmo...
R - Só se ficasse a malta das brócas todas no mesmo... e aí ficávamos só 3 ou 4 num e o resto no outro... esquece. Tinha dito ao Joni pra me alugar um. Não alugou... paciência.


Procurámos pela avenida, uma velhóta tentou negociar connosco mas o preço era estupidamente alto. Dissémos q íamos buscar as coisas mas não pusemos mais lá os pés... voltámos ao RockAway. No dia seguinte vagaria um bungalow. Fizeram-nos um desconto e fechámos negócio.
R - Esta merda é q são as ondas...?
B - Daqui bocado vira offshore outra vez...
R - Vou entrar já. Buga Prez?
P - Tá bem.
R - A água pelo menos tá quente.
P - Tá uma corrente estúpida.
B - Olhó gajo!!!! Já chegaram faz muito????
R - Isto tá tão bom q nem nos podias ir receber ó cara de cú?
B - Daqui bocado vira offshore.
P - Já nos tinham dito q sim...


Passado um bocado virou offshore. Foi o primeiro e último dia q o offshore compareceu à hora combinada. Ao longo das seguintes 2 semanas, ou pelos tufões q andavam pelas redondezas ou por méro azar, o gajo só se fazia sentir pela matina... como geralmente o mar estava ressacado, qd começava a dar mostras de querer endireitar, o vento rodava e esperávamos pela manhã seguinte.
Estranhamente, naquela semana só apanhámos mar pequeno. Mas mesmo pequeno, a fugir pró flat... na maré cheia nem dava pra surfar. Na vazia nem dava tempo pra dropar. Enfim... pesadelo. Nem gajas, nem ondas... não fossem os meus mp3 e o sudoku e tinha sido uma primeira semana de horror.

O REGRESSO


Apanhámos o taxi, e despedimo-nos das nossas amigas da frança, austrália, eua e canadá...
R - Xau Puerto até nunca!
P - Não foi assim tão mau tb...
R - Sim sim... mas prefiro corais.

Aeroporto de Puerto
(5 minutos de taxi ao preço real - as banhádas são só pra quem chega)
R - Não me lembro de ter as malas tão pesadas pra cá...
P - Pus-te praí umas coisas minhas, não leves a mal...
R - Levas rochas pra casa??!??!
...
R - Então queríamos fazer o check in sff...
G1 - Um momentito.
P - Tás com pressa?
R - Quero ir pra casa...
R - Ohhh sff!!! Távamos cá primeiro!!! Tás a passar gente à nossa frente??
G1 - Já pagaram las tablas????
R - Ai agora é q nos dizes isso???
P - Onde se paga isso...?
G1 - Ali adelante.
...
R - Quero pagar as putas das tábuas q não pagámos pra cá...
G2 - Tarjeta ou diñero?
R - Tarjeta... e pago os dois q este gajo aqui ao meu lado não tem dinheiro vai pra quinze dias...
G2 - O cartão não dá.
R - Não é por falta de dinheiro... tenta outra vez sff.
G2 - Não.
R - ?
P - ?
R - Não como? Passa lá essa merda.
G2 - Não.
P - Calma... onde é q há MB?
G2 - No pueblo... aqui no hai nada.
R - Eu mato estas gajas.
P - Voltamos ao pueblo.
...
R - Onde se pode apanhar um taxi?
G1 - Um momentito.
R - Outra vez essa conversa... tamos f... vamos perder o avião.
P - Calma... esperamos pelo taxi.
G1 - Já o chamei... tá aí não tarda.
...
R - Já aqui estamos faz 1/4 de hora... tenho q levantar dinheiro. O taxi pôrra????
P - Confesso q tb me começo a enervar com vcs todas...
G1 - Um momentito.
...
R - Fosgasse pá!!!! E se eu perder o avião comé? Ficam mas é praí as tábuas e vcs depois qd vos der na real gana mandem-nas pra Portugal.
G1 - Ainda não chegou o taxi???? Estranho...
P - Devíamos ter ido prás Maldivas... ainda por cima fazendo bem as contas... poupávamos algum.
...
R - Bora entrar no taxi destes gajos q tão a chegar...
P - Mas é uma carrinha... e tá este grupo à espera.
R - Bora bora... dás-nos boleia até ao pueblo??? Precisamos de $$$$...
T - Si si... entrem todos.
P - Ganda latóza...
R - Quem não chora não mama.
...
T - San 300 pesos.
R - Atão mas não era uma boleia...?
T - Si si... 300 pesos de boleia.
P - Tenho aqui uns trocos... vai levantando dinheiro q eu pago isto.
...
P - Já levantaste...?
R - Já... e agora temos q apanhar outro taxi de volta...
P - Sabes onde estás...?
R - Népias... olha ali um!!!! Oh pá!!!! Oh pá!!!!
R - Levas-nos ao aeroporto mas só te dou 100 pesos.
T - ok
P - Mas tu não paras de regatear.
R - Enquanto não sair do méxico não.
...
R - E agora posso pagar com o dinheiro levantado com o cartão q não trabalha aí...?
G2 - Tem q esperar...
R - Não era nada q não estivesse à espera.
P - Mas tá tudo contra nós...?
...
Depois de vermos 5 gajos pagar com a Tarjeta... lá pudemos pagar - em dinheiro.
...
R - Oh sff! Ainda te lembras de nós...? Faltáva-nos o recibo das pranchas.
G1 - Um momentito.
P - Fosgasse!!!! Ela não nos curte.
...
R - Passaram + 20minutos. Não tá ninguém na fila... mas tu tás parva ou não bates bem pá?????
G1 - Si si... me havia olvidado de vosotros.
R - Fosgasse q eu mato esta p.... de merda.
...
Corremos pró Raio X.
...
G3 - Tens q abotoar a camisa señor.
R - Mas tá ali um gajo em tronco nú dentro...!!!!!!
G3 - Tens q abotoar a camisa señor.
P - Nem comento.
R - Ainda me prendem... a camisa tá abotoada señorita... mais alguma coisa em q possa ajudá-la pra q me deixem ir pra casa....????
G3 - Ai mas q gentil...
R - (soubesses tu a vontade q tenho de te matar revistavas-me de alto a baixo)
...
Enquanto esperámos (pouco) pelo avião sair, foram revistados da cabeça aos pés N casais americanos com aquele aspecto de serem da Quercus ou da Greenpeace. Desfizeram-lhes as malas, foram todos apalparados... lindo.
R - NUNCA MAIS CÁ VOLTO!

terça-feira, 23 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap12 - O Índico.....Powered by surfcamp portugal holidays&accommodations

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Se há Oceanos que em mim exercem um poder especial e a ter que escolher um, esse será o Índico.

É de facto longe e temos que ser obstinados para que vejamos como razoável a deslocação 'ao outro lado do mundo'. Após escolher como destino por dois anos consecutivos - 2003 e 2004 - o arquipélago das Maldivas, encontrei resposta às lacunas que no meu entender não deveriam existir quando se faz tão grande sacrifício - e fui à Indonésia em 2007. Apesar de fascinado pela fauna marinha e riqueza dos corais, as horas de surf e snoorkeling não me fizeram passar ao lado de um facto: a pobreza cultural de um arquipélago destinado ao extermínio via submersão.

Resolvi então passar do 8 ao 80 e parti em busca de uma cultura exponencialmente mais milenar que a nossa onde os valores de religião e de tradição ridicularizam os do quotidiano luso. Estivemos durante décadas - devido à causa Timorense e por contingências políticas - arredados de tão precioso destino. Ao desfolhar revistas de surf americanas, o arquipélago indonésio era descrito quase que como um playground australiano, onde as condições épicas tanto se aplicavam ao mar quanto ao tempo. Com excepção da época das monções, o clima tropical propicia pôres do sol intensos e as selvas impenetráveis desaguam em praias paradisíacas. O artesanato é de fazer suster a respiração - entre telas, estatuetas e máscaras escrupulósamente esculpidas em madeira ou pedra vulcânica e papagaios de papel pintados à mão, o baixo valor a que nos são propostos não nos deixam esquecer o ridículo custo da mão de obra asiática. Em Bali, a par de um comércio sem igual, a vida nocturna e o preço da hotelaria quase nos afastam do propósito com que lá nos deslocamos... as ondas.

De água cristalina e percorrendo rázas bancadas de coral, as ondas balinesas levam-nos a crer que surfamos muito e depressa, tal a perfeição e beleza com que nos são oferecidas a troco de nada. Das duas semanas e algo que por lá deambulei, entre surfadas épicas e leituras em praias paradisíacas onde sob palmeiras fui disfarçando a fome - com recipientes a abarrotar de fruta maduríssima e com topping de mel -  houve uma sessão que se destacou de todas as outras. Por ironia do destino ocorreu ao 13ºdia de viagem... 

O crowd como que por milagre desvaneceu, as ondas duplicaram o tamanho de até à data e a perfeição com que rompiam sobre as bancadas não consegue ser traduzido sob forma de caracteres. Ao chegar à praia, extasiado mas exausto, morri sobre a toalha e peguei no meu caderno para tentar imortalizar a razão pela qual todo o esforço financeiro e sentimental tinha valido a pena.

“Encontrei-te”

Começava até a perder a esperança de te conhecer,
Mas passadas que estão duas semanas dançámos os dois…
Quando cheguei ao pico apenas cinco pessoas te esperavam,
Mantive-me um pouco afastado e curti com uma mana tua,
Regressei feliz como só um Surfista sabe ser e parei mais sobre a bancada que os demais…
Eis que nem cinco minutos volvidos desatam todos a remar rumo ao horizonte,
Lá vinhas tu,
Remei com calma na tua direcção e passaste já de pé pelos que te tentaram alcançar,
Virei-te as costas e remei furiosamente para não te deixar escapar virgem e imaculada,
Passei rapidamente os pés para o deck e o offshore ergueu-te ainda mais,
Do alto dos teus três metros senti a imensidão do mundo e tornei-me pequeno,
Uma vertigem correu-me no estômago e as pernas tremeram-me enquanto mergulhei no teu dorso,
Eras curvilínea e esbelta como só uma onda balinesa o consegue ser,
Encetámos então a nossa dança,
Rápida, perigosa e excitante,
A adrenalina percorre-me o corpo em cada linha que te traço,
Um minuto torna-se uma eternidade,
O tempo congela e amamo-nos mutuamente,
O vento seca-nos a face e algures a meio caminho sinto pânico,
Quase horror,
Poderia classificar de respeito mas foi mesmo medo,
Impossível ignorar o coral que pisas,
Tenho fracções de segundo para uma decisão vital e resolvo aceder-te,
Deixo que me cubras com o teu espesso manto e deslizo pelas tuas entranhas,
Ouço o teu respirar ofegante enquanto procuro uma saída,
Nas sucessivas bancadas que sobrevoamos vão aparecendo outros que nos saúdam eufóricos de alegria,
Outros olham de soslaio transparecendo a mais podre das invejas,
Desejam a nossa morte, um descuido, uma desatenção que cause o desastre,
Seguimos os dois, tu e eu,
A prancha permanece serena sob os meus pés quando alcanço novamente a luz do dia,
Desenho novas linhas tornando a velocidade vertiginósa como jamais o tinha feito,
A cada bottom, a cada mudar de rail sinto o teu roncar estilhaçando vida a nossos pés,
Chegamos então ao fim da nossa dança
Do nosso tão aguardado e adiado bailado,
Pedes-me para te abandonar pois não podes fugir ao teu destino,
O mesmo que propôs que nos conhecêssemos,
Largo-te inundado de felicidade enquanto te desvaneces pouco mais à frente abraçando o coral,
Sinto-me outro,
Alguém rejuvenescido,
Percorri meio mundo para me encontrar contigo,
E desesperava já por este nosso fugaz encontro,
Um misto de receio e paixão,
De risco, paz e aventura… alguma infidelidade até…
Agora volto para casa,
Para aqueles que tudo são para mim,
Aqueles de quem abdiquei para vir ter contigo,
Para quem regresso agora mais completo pois carrego-te comigo,
Gravada com curvas e rasgadas na minha mente…
Foi bom ter-te conhecido,


A única e inigualável Onda Balinesa.
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Blogdodesempregado - Cap11 - Ainda no presente... a pesca e o surf. .... powered by surfcamp portugal holidays&accommodations


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Hoje levantei-me com uma vontade grande de surfar. Por norma não sou assim dado que a mesma só costuma aparecer lá mais para a hora do almoço sendo que as melhores performances que alcanço são invariavelmente à tarde ou ao fim do dia. Vinha observando um pico por diversos dias e ou estava infestado de pescadores, ou correntes ou o vento não estava favorável.

A relação entre surfistas e pescadores é, sem margem para dúvidas, digna de case study: se os primeiros querem a onda - e esta rebenta junto à costa e em locais de menor profundidade - os segundos querem o peixe que, por sua vez procura comida no turbilhão provocado pela mesma. Assim sendo, a zona de acção é coincidente. Agora somemos o facto de sermos todos portugueses. Se os surfistas são normalmente gajos novos ou semi, com elevada auto-estima, de costas largas e habituados à dosagem de doses maciças de adrenalina, os pescadores fazem-se acompanhar por navalhas, facas e um incontável número de acessórios indispensável ao bom sucesso da faina. A mistura é quase tão explosiva como se estivéssemos em contexto de claques desportivas mas, qui-ças pelo karma que imana do mar, parece-me que o resultado passa mais pela paz podre. 

Os pescadores garantem que os surfistas espantam o peixe e estes asseguram que os mesmos saltam junto das pranchas quando são robalos e lhes picam os pés quando de outra espécie pelo que está provada a proximidade entre espécies. E há também algumas relações menos contraditórias:
- um pescador acrescenta sempre 1kg ao peixe e o surfista 1m à onda e ambos exclamarão aos colegas que chegam atrasados o mesmo... 'havias de ter visto isto à bocado!!!!'

Quando ainda pela fresca cheguei à tal praia, as condicionantes necessárias tinham-se todas perfilado e aguardavam-me só que, acabadinho de se imobilizar no estacionamento, um indivíduo de botas verdes calçadas abandonava o seu veículo branco. Bati então o record de troca de vestimenta que até à data pertencia a um norte americano e pelo facto, as minhas desculpas ao Clark Kent. Ainda o pobre pescador pegava numa pesada mala de ferramentas porcerto repleta de artefactos de uma vida pseudo criminosa, já o vosso desempregado amigo corria duna abaixo em direcção ao repasto.

Lembrei-me daquele anúncio - ou cena repetida por inúmeras vezes em diversas películas - em que duas senhoras lutam - tal gladeadores em plena arena romana - pela última lata de ervilhas. Os saltos altos dificultam a tarefa mas a corrida é célere e apenas ultrapassada pela forma profissional com que os seios divinamente plastificados se tentam manter dentro das blusas brancas - lá está aquele que todos julgávamos moribundo, o regressado Tide - ao desferir de golpes acertados às madeixas da adversária. Já Isabel Figueira é mais serena - se bem que num papel de morena burra...(?) - enquanto suplica, em pleno aeroporto, pelo último Kinder Bueno.

Mas dizia eu antes de me perder no epílogo das mamas loucas, não dei sequer hipótese ao adversário de recorrer ao arsenal... já eu remava rumo ao Paraíso quando o mesmo me abandonava e deixava o meu carro em solitário modo stdby no estacionamento.

Durou pouco - à semelhança de alguns dos maiores prazeres que temos na vida - mas foi bom, quase que a roçar o excelente - e aqui também me poderia extender por alguns parágricos de tantricidade absurda e mordaz. Uma hora e picos até que a maré começou a vazar em demasia e as condições se foram deteriorando. As ondas tinham um tamanho respeitável e o cheiro que que imanavam era repleto de iodo. O sol foi-me queimando a face no regresso de cada corrida e enquanto me sentava à espera da próxima.

Simplesmente adorei esta manhã (ainda) vivida enquanto um dos 700.000 portugueses desempregados...!!!
E agora vou encher um balde com lexívia e detergente perfumado para tirar o bolôr de paredes e tectos, assoalhada a assoalhada, fruto do vigôr nunca antes sentido com que este último inverno nos presenteou...

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segunda-feira, 22 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap10 - E de vez em quando, vou-me!!! ...... Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

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Quem comigo priva sabe bem o vício que tenho por viagens.

Com cadência quase anual, pego em mim e parto - só ou com outros não mais que poucos - rumo a um qualquer destino de águas quentes e sol cancerígeno... ´

A troco do subsídio de férias e/ou do 13ºmês, compro um bilhete de avião e incubo a minha família da entrega do 'pacote' - eu - no aeroporto. Depois desapareço por uma ou duas semanas. Um ou dois livros, umas tshirts, uns calções, artigos de higiente, chanátos e... as pranchas. E então assimilo e tento imortalizar aquilo que certamente a memória não permitirá futuramente pesquisar. Via caneta e bloco de notas com a ajuda de uma máquina fotografica, registo pensamentos e odores, cores e sabores que certamente não se voltarão a cruzar comigo face à dimensão absurda da nossa 'casa'.

Não fujo de nada pois adoro a vida que levo junto dos meus e de bom grado troco o telemóvel da moda ou um upgrade ao carro da família por mais uma experiência além fronteiras pois, não estou certo como mas cedo foi que descobri ser das poucas coisas que levaremos quando seguirmos para a outra viagem. Os momentos de convívio e as vivências diversas, por cá ou lá por fora... acredito que nada mais siga connosco.

Também me delicio com as idas ao Café Central ou à mercearia, onde em modo camuflado vou tomando nota das feições, expressões e diálogos de quem nunca conheceu mais nada - os que julgam esta aldeia o epicentro dos acontecimentos mundiais. Mas sinto que é pouco o que lhes vai na alma e como tal, tomo outro percurso.

A hora da despedida será por certo a mais difícil de tratar. Estar perante, acenar para depois virar costas aos míudos e à mais-que-tudo, mostra o quão egocêntricos conseguimos ser. Mas é necessário partir para sentir saudades e largar o que temos para que ao regressar possamos assim agarrar ainda com mais carinho que anteriormente. Soa globalmente a clichêt aquela velha máxima de que 'só damos realmente valor ao que temos quando por fim o perdemos' e a mim soa-me a falso dado que com um até breve, como se incluíssemos um pequeno interregno, podemos também ver a relação sair reforçada sem que dela tenhamos forçósamente que prescindir.

Este ano e face às circunstâncias da minha presente vida não-laboral, ficarei por cá. Resignado mas feliz, resolvi passar os olhos pelo que ficou das minhas partidas para lá do horizonte e para que não me chamem de invejoso, passo a transcrever alguns excertos e momentos.

Espero que se divirtam e aproveitem quase tanto quanto eu o fiz!!!

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sexta-feira, 19 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap9 - A Paixão..... Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

Comparo muita vez o surf a um acto de paixão... certo é que tudo tem os seus dias bem como o momento certo para acontecer. Há uns em que devemos ficar em casa e esquecer a praia - hoje por exemplo até foi um desses e não fosse a tarde de amena cavaqueira e o facto de ter apanhado a onda do dia, daria o gasóleo por mal empregue - pois ou estamos fora do pico, ou há correntes, ou vento a mais... enfim, existe sempre algo que não nos permite atingir aquele êxtase.

Mas voltando ao assunto, quando surfamos um mar daqueles e, consequentemente entramos numa onda daquelas, parece que estamos perante um desses momentos de paixão. Aquele nervosinho míudinho, o frenesim de sentimentos quase que a fugir para a ejaculação precóce, tudo isso me acorre aquando da remada e sequente drop, ou mesmo antes...!!! Acho mesmo que quando a vejo no horizonte! E quando não há mais ninguém por perto e tens a certeza que aquela é mesmo tooooooooodinha para ti! Ui... mesmo ansioso, toma-la por inteiro. Tal como na paixão, pode até dar em desilusão e dali não provir nada demais: uma queda, uma secção que fechou demasiado célere ou o embrulho que até era acima da média mais não escondia que uma péssima quéca... perdão, surfada.

A vantagem é que numa surfada te podes apaixonar por diversas vezes. Ora esquerda ora direita, ora morena ora loura... enfim, tipo aquele peixinho do aquário redondo que enquanto percorre todo o perímetro do habitáculo vítreo, a cada vez que passa por ti, lhe advém à pequeninazita mente:
- 'Este gajo é-me familiar mas deve ser estúpido pois está aqui a olhar para mim e não me dá a comida...', e mais uma volta e 'Este gajo é-me familiar mas deve ser estúpido pois está aqui a olhar para mim e não me dá a comida...' e poraí fora... nós surfistas, basicamente agimos da mesma forma pois apaixonamo-nos vezes e vezes sem conta e lá está, por demasiadas vezes por quem não nos merece.

Verdade é que acatamos os maiores dos sacrifícios pela causa: tiramos a roupa ao frio, à chuva, nadamos em xixi (não acreditem nos que vos dizem que não urinaram no fato ao fim de 3h de surf...), levamos carrádas de porrada (do género daquela hidromassagem muito conhecida no Canadá - o Niagara), corremos riscos de afogamento, hipotermia, distenções e dores musculares, cancros na pele, etc... mas de sorriso largo e sempre convictos que não há melhor que esta.

Acontece-me também haver alturas em que estou farto de tanta perpetuação do amor. E aí afasto-me do mar. Por semanas a fio se necessário. Julgo que desde que me apaixonei, o máximo de tempo separado foram 60 dias, altura em que recuperava de uma infestação de picadinhas de amor... 82 espinhos de ouriço do mar, para ser mais preciso.

Mas o saldo tem sido positivo e com a idade, vamo-nos consciencializando que inevitavelmente a andropausa chegará. A marítima claro.

Fica então um fotograma de um pré-encontro amoroso onde já se denota o tal nervosismo face ao desconhecimento do destino que me esperava...

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Bom fim de semana!

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quinta-feira, 18 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap8 - Notícias do Além: ... e vais ser dropinado.....Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

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Hoje baldei-me. Abstive-me do vício - não surfei - e desde manhã que não largo a trincha...

O mar apesar de não estar épico, não estava assim tão mauzito... para catalogar a matinal como auspiciósa, chequei algumas webcams e saí de ânimo leve. Uma praia e meia volta. Outra praia e mais meia volta.

Depressa me apercebi que, ao acabar de perfazer um círculo, o problema não residia no surf que se me apresentava mas em mim. Hoje, algo me dizia que não deveria entrar sózinho. Mas também não me apetecia o tumulto de gente que vai preenchendo o lineup da Ericeira e então, não fui.

Provavelmente perdi umas ondinhas apenas para fugir ao cada vez - embora globalmente odiado - mais banal, crowd. Adoro privar com as pessoas apesar de concordar que o surf é um desporto de cariz vincadamente individual e como tal, com o passar dos anos não estranho o facto de 'ir surfar com um amigo' mais não significar que dividir a ida e a vinda pois dentro de água não passaremos de dois estranhos. A profusão de pessoas é para mim sinónimo de caos, anarquia e de dropino.

Para quem ainda agora começou a seguir o blogododesempregado e não optou, ainda, por fazer um booking de uma semana aqui no 'surfcamp da alegria', alguns dos termos da gíria surfista poderão parecer estranhos. Confesso que apesar de décadas volvidas em meio marinho, demasiadas vezes não os atinjo, pelo que rogo-vos que não estranhem ou desistam.

Um dropino significa roubar. Faltar ao respeito. É ficar com algo que pertencia a outro por direito.

Estão - não desde sempre mas quando começámos a ser demasiados - instituidas regras de prioridades dentro da comunidade surfista que, como qualquer tipo de legislação, cabe a cada indivíduo decidir se as cumpre.

Longe que estão os tempos de sangue quente e pouco tino na guélra, fui-me recatando na forma de exigir respeito e de me impôr junto a Neptuno, tornando-me assim um ávido seguidor da velha máxima 'quem semeia ventos, colhe tempestades...' mas sempre com humor e boa disposição pois tomo como facto estarmos por cá apenas meia dúzia de dias e assim sendo, não vale mesmo a pena passá-los doutra forma que não 'perpetuando o amor'.

Deixo-vos a legenda esperando que fiquem bem dispostos com tão virtualmente célebre clip:

Surftrip às Maldivas 2005, filmado e editado pelo meu amigo Cajó.
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Blogdodesempregado - Cap7 - Need for Speed ..... Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

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Hoje à tarde fui à metrópole pelo que se passei por algum de vocês e não os cumprimentei... ma bad:
- a velocidade seria certamente alguma e o pânico das grandes urbes estaria por certo a apoderar-se de mim. Justificação dada. 

Entrevista de emprego marcada entre uma e outra demão de 'bondex' - à vasta colecção de mobiliário em madeira que preenche o jardim aqui do surfcamp e que por alguma razão tomou o lugar do plástico branco feio, frágil, mas sem necessidade de manutenção - não pela minha relação íntima com o clã Lopes, mas por um CV enviado a um qualquer mail anotado em papel pela minha interlocutora da relação íntima aqui de casa, num dos trajectos casa/emprego ou emprego/casa enquanto percorria um cartaz publicitário a um condomínio de luxo com ar de abandono.

Reza um velho ditado - confessam-me as pesquisas que proferido algures na época quinhentista, em plena Torre de Belém no apogeu do Descobrimentos, por esse nobre navegador de nome Pedro Alvares Cabral, de partida a rumo incerto mas certamente distante - que (usem por favor tom altivo e como se estivessem a iniciar uma epopeia):
- 'Melhor que ter uma moto, é ter um amigo que possui uma'.

Tirei o sal com um breve duche, desfardei a roupa de mitra, vesti o uniforme 'Paul & Shark' e camuflei-o com um blusão Dainese bastante polido pelos anos e surrado pelos diversos metros percorridos no alcatrão, mas sem auxílio da citada moto. Saí com tempo pois em Lisboa, tenho o sentido de orientação de quem carrega um astrolábio. Fiz-me à estrada e a minha montada pedia-me carinho e atenção pelo que lhe acedi e como tal, preteri a AE lançando-me à nacional. Santa Cruz ao Prior Velho sem pagar portagens.

Passava já bastante de uma década que não percorria aquele interminável percurso Malveira/Loures e se as curvas entre Torres Vedras e a Malveira estavam ainda decoradas, as primeiras eram quase que adivinhadas. No início dos anos 90, corria-me nas veias o estatuto de motard. Mas dos de verdade pois eram para cima de 100Km por dia, 5 dias por semana e com outros centos deles ao fim de semana. Numa velha 'Kawa' GPZ500 com 70cv, dos expremidos.

Senti-me um misto de Toninho da Cruz a esvoaçar (mas baixinho) o seu F14 TomCat e um Valentino Rossi. Ainda novo - incrível acreditar nas passadas que estão, duas décadas - ainda feliz e mais rápido. As curvas foram-se sucedendo a um ritmo alucinante, alternei faixas de rodagem e o velocímetro digital manteve-se kilómetros a fio com 3 dígitos, a par do meu ritmo cardíaco. De um lado para o outro e a custo de alguma destreza física, a 1000RR fez-me vibrar com os seus 200cv's-não-de-origem. A travagem é possante mas facilmente doseável pelo que vi todos os carros aproximarem-se muito depressa para logo de seguida serem catapultados para um passado distante. 

Em menos que nada estava no Prior Velho. A sala estava repleta de candidatos ansiosos. Míudos - na sua grande parte - almejavam o lugar que lhes abrisse a porta ao mundo da construção. Pálidos, nervosos e inseguros - embora empalados por espessa cortina de controlo absoluto. Fui o último - talvez estivesse a ser aplicada alguma regra de classificação etária - fiquei sem perceber.

Enquanto entrava na sala do entrevistador e arrumava o capacete, de sorriso largo entoei um sempre bem:
- 'Last but not least'...
Ao que me respondeu o entrevistador enquanto olhava para o Parque de Estacionamento:
- 'Com uma moto daquelas, suspeito que guardei o melhor para o fim! Que cor tem você homem! Faz surf?' 

Entre construção, motos, filhos e surf, deixámos que passasse 1h. Despedimo-nos cordealmente:
Ele - 'Falaremos brevemente...'
Eu - 'Se eu não o atender nesse instante devolvo-lhe a chamada logo depois. Sabe como passo os dias...'
Ele - 'Sim, dentro de água é o silêncio e fora de água aquele Vance&Hines... percebo que lhe seja algo difícil atender chamadas mas confesso-lhe que gostava de ter essa sensação.'
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quarta-feira, 17 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap6 - Eventualmente nós chegamos lá......Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

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Olá,
O surf esta manhã esteve razoavelmente bom:


- o tamanho estava um pouco aquém do desejável mas a água não estava fria. A onda precisava de um pouco mais de força mas estava sol. A maré não seria de todo a mais adequada mas as pessoas que comigo partilharam aquela dávida foram-me retribuindo sorrisos.

Fui com um amigo meu cuja empresa que possui, por já ter conhecido melhores dias, lhe vai agora permitindo partilhar bons momentos comigo. E a conversa, como se passará aliás com grande parte dos portugueses, vem passando muito longe da Liga Sagres e cada vez mais perto do panorama nacional analisado sob prisma político-social:

(Pedro-P...Rudas-R)

P - Fosgasse Rudas, estava ontem a ver o noticiário à noite e a lembrar-me de ti pá... então aqueles gajos querem-te diminuir o subsídio??? Então mas tu já ganhas 1/3 do que ganhavas pá, que culpa tens tu da empresa ter falido???

R - Olha ali a passar um pau com pregos... rema aí e fustiga-me o dorso mais ainda sff.

P - Fónix... quer então dizer que vai na volta te vais mesmo embora, não?

R - Mas tu queres apanhar mais e melhores ondas que eu...???? Estás-me a deixar deprimido com essa palhaçáda, pá! Deixa-os lá que eu ouvi outra notícia a seguir e se eventualmente conseguirem implementar a legislação por aprovar, eu serei certamente dos que menos vai sofrer...

P - Então???

R - Vai surgir brevemente e será aplicada a quem tiver ou 20 dedos, ou 2 olhos, ou cabeça, ou duas pernas, ou 2 braços...

P - Já percebi o contexto, continua...

R - ... a taxa de respiração.

P - Taxa de Respiração????

R - Sim, a famosa e justa taxa de respiração: quer isto dizer que a partir de determinado dia ainda por definir (a brevidade desta depende de quanto se consiga poupar com os desempregados como eu...), será taxado mensalmente todo e qualquer ser respirante com 60% do seu rendimento bruto e adicionalmente mas anualmente, 1/1000 do valor estimado do seu património.

P - Tás parvo?!?!? E quem não possa pagar pá????

R- Ora aí está a justiça daquilo que eventualmente acabaremos por também aceitar, é que tens sempre a opção de não respirar. E aí já não pagas nada...

P - 'Também'...?

R - Claro, eu também não sou desempregado por opção mas aparentemente vão-me retribuir com a prestação social que acharem justo, consiga eu ou não cumprir com a totalidade das minhas obrigações...

P - O melhor realmente é surfarmos.

R - Eventualmente até é...

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terça-feira, 16 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap5 - Flat = Arte....Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

Quer se queira quer não, enquanto seres humanos respirantes, acabamos sempre por montar um qualquer tipo de rotina...

Interpretemos nós um dia a dia normal e não o papel de um surfista desempregado, ou façamo-lo lá fora num dos milhentos paraísos terrestres repletos de ondas lindas e tubulares que poraí esperam por nós ou aqui neste profanado flat país à beira mar plantado, é fatal com'ó destino enveredarmos pelo mesmo caminho ao fim de uns dias evitando-o.

A minha já se sabe...
- acordar, pequenos almoços a uma ou duas das herdeiras do trio maravilha, vesti-las, pô-las na escola e chécar o mar. Enquanto velho e mordáz chacal dos 7 mares, distingo o pássaro apenas pela cagadéla... e hoje com este offshore quente e silencioso, cheirou-me a esturro. E de facto, a propósito de animais, reza a velha história que 'quando já estás na merda, até os cães te mijam nos pés...'

Pelo que... resolvi - por um dia - dedicar-me à arte: Fotografia e Pintura. Assim só num delírio em modo dueto acutilado. Espero que gostem do resultado pois já não escrevo mais nada até que o surf regresse e me invada o quintal. Começo pela Fotografia...

'A procura'
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'O Resultado da Procura'
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'Reacção ao Achado'
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E termino na Arte...

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segunda-feira, 15 de março de 2010

Blogdodesempregado - Cap4 - Dude... e no dia do consumidor pode estar flat? ......Powered by Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations

Enquanto me refastava com o pequeno almoço, a tv da cozinha - o meu presente elo entre o mundo marinho e o mundo real - alerta-me para algo do género...
- 'a ASAE anda poraí com força, de norte a sul do país... wiskas saquetas... wiskas saquetas... dia mundial dos direitos do consumidor'.

Francamente não simpatizo com a ASAE. Mesmo que defendam os meus direitos enquanto consumidor. Tenho pena do povo - cigano ou nem porisso - que arma a banca na feira para a posterior venda do dvd pirata ou da camiseta contrafeita. Daqueles que vendem rissóis apetitosos e engordurados mas que vêm os mesmos ir parar ao Zôo por desrespeito às normas de embalagem...

Caso não conheçam o filme em epígrafe, não chegam por si só à relação do mesmo com o que hoje de manhã me foi noticiado. E mesmo que o tenham visto, há grandes probabilidades que também não o consigam... a sequéla é relativamente básica: um vislumbre para os olhos de qualquer mulher - sim Matthew, é difícil ombrear contigo mesmo que surfemos melhor que tu... - e um sarcástico mas brilhante retrato do Surfista enquanto espécie rara.

Tal Dave Rastovich na vida real, Mc C é patrocinado para percorrer o mundo em busca da onda perfeita largando um aroma perfumado de alegria, despreocupação e charme. E tudo corre bem até que é deparado com uma prolongada flatada. As reacções ao flat são basicamente comuns a quem pratica surf e mais evidentes em quem mais nada faz que praticar esse modo de vida. O desespero retratado também atinge um apogeu quando te encontras a milhares de kilómetros do lar para encontrar a Miss Universo, longe de tudo e de todos, acabado de despender o subsídio de férias e o de Natal e mais não encontras que um palco vazio ao lado de outro repleto de insinuósas Drag Queen's.

Passo a ilustrar com um foto fresquinha com cerca de 10min de existência...
backyard of Surfcamp Portugal Holidays&Accommodations
Este é o menu para hoje: flat.  
   
Tipo lago. Sem curvas de nível deslizantes que pelo menos com o Longboard pudesse ir trilhar. Nada de nada... e agora pergunto eu - com menos bícipes, peito e sem a carinha laróca com que o Mc C hipnotiza os fotógrafos da D&G- onde estão os meus direitos enquanto consumidor?!?!?! Não deveria a ASAE proteger-me a mim e aos da minha espécie, para mais neste dia???

Assim não vamos a lado nenhum...!!! Bem, então até amanhã que agora vou, pseudo-deprimido, tentar pelo menos aprimorar e assim equiparar o meu bronze, ao do Surfer Dude. Encontrem-me pois então numa qualquer duna aqui perto a respirar o offshore quente e seco que chateou Neptuno...

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