Para estares bem ciente da tragédia grecó-romana que segue aqui para estes lados resolvi juntá-los:
- Camané e Murphy.
Várias razões me assistem ou não tivesse eu tirado um mestrada nessa nobre arte da argumentação. Algumas passam pelo estado de pré insanidade típico de qualquer moço de aldeia - vulgo saloio - enquanto em banho maria nesse caldeirão dantesco que é a urbe alfacinha. Outras residem na vontade de dar uma e não conseguir. Claro que ainda estou londe da andropausa, refiro-me ao surf. Acredito agora que há verdade nesta velha máxima: 'as ondas boas aparecem durante a semana.' E isso leva-me ao Murphy e à sua referida lei. O Camané? Esse gajo é fado e este é triste. E como deves provavelmente estar a ouvir - pelo menos deverias - ele 'sabe de um rio'. De acordo com Murphy e dado os meus intentos, ele deveria saber era de umas ondas. Uma das párcas - sempre o tal ambíguo conceito de escala - coisas que me move...
Levantei-me pela fresca e parti de carro. Não queria ver-me defraudado por uma qualquer webcam e como tal, segui firme e hirto rumo ao meu destino. Passei pela praia local e enquanto homem de fé, acreditei num daqueles milagres que por vezes acontecem... mar pequeno e torto aqui, pode ser que lá esteja maior. Não estava. Nem o Camané e tão pouco o Murphy me valerem e regressei porfim a casa tão seco quanto o famigerado bacalhau português da noruega. A distância entre Peniche e Santa Cruz pareceu-me o dobro à vinda e aqui estou eu perante ti... triste e sequioso. Tal como o fado e o já referido raio do bacalhau, respectivamente.
Pá pronto. Tou piúrso. Nem o som adocicado da guitarra portuguesa me levanta a moral - sim, já te disse que estou (espero que) longe da andropausa - e apetece-me bater no Sócrates. Ou no Coelho. Ou nos dois. Mas o que me apetecia mesmo era assassinar um lip de uma linda onda. Bater-lhe violentamente com a prancha enquanto despenco para aterrar já na base da mesma para logo de seguida pressionar o deck para melhor encaixar num profundo tubázio de 8segundos... isso é que era. Mas não. Definitivamente não.
Saí agorinha mesmo de um bar aqui da terrinha e a forte nortada faz-me acreditar que o mar amanhã vai estar não menos que mau. Três morangóskas não me fizeram sair do azimute de uma brasileira fantasmagórica semi despida que com cadência de quase 60 segundos verificava se não havia mesmo hipótese. Se isso é mau? Não fossem os seus quase 75kg e estarem mais três maduros à mesa e diria que não teríamos aqui também a mão do Murphy.
Não tarda nada estou a caminho de Lisboa nóvamente e sem surf. Apenas uma forte intenção de o praticar...
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