... para que as memórias, que perduram mas falham, fiquem perpetuadas no ciberespaço.
... ou um pau com pregos em versão escrita, para que quando eventualmente regressar à labuta diária, me fustigar severamente por me avivar a mente acerca daquela vida que durante meses a fio desenrolei em versão salgada.
... por ser um gajo porreiro e acreditar que desta forma, anónimos podem interpretar a vida de uma forma mais aliciante? Nooooot...
... também por uma questão de sanidade mental.
Rodeiam-me e aborrecem-me as preocupações constantes dos que me circundam:
'...é pá, um bom profissional como tu arredado do mercado em direcção à praia...'
'...ena c'o caneco e os putos pá? Como vais fazer a coisa com 3 putos camandro...?'
'...isso de dar lições de surf e andar com os camone's pela praia é coisa de gente arrepanhada das ideias não é?' - soando isto à derradeira e fatal machadáda no meu bote de salvação.
Ouço-os a toda a hora e em qualquer local. Excepto quando me ausento mar adentro. Por vezes só e felizmente que nem sempre mal e lotadamente acompanhado, cumpro o doce ritual de aparcar junto a uma qualquer falésia ou areal e dislumbrar-me com o que me é oferecido pela Natureza.
Percorro infinitas linhas com os olhos - averiguando se a velocidade com que o faço estará ao alcance da minha prancha ou da párca sabedoria surfística - e após despojar todos os meus haveres numa duna ou rocha, entrego-me. Sem saldo bancário, declaração de IRS, família, obrigações, surfcamp's... nada. Vou porali adentro, eu e a pranchita e adrenalizo num dias, relaxo noutros... em busca da tal 'clareza psíquica' que muitos almejam mas demasiados apenas imaginam alcançar.
Diria até que o factor de risco e de incerteza me mantêm alerta e lúcido no dia-a-dia e não em modo piloto automático, como aqueles que miro em pleno IC19, via televisão enquanto saboreio o meu café da manhã, entre uma olhadéla aos passarinhos que vão parando no jardim e o bailado das pequenas ondas - lá está... - que se vão formando na piscina.
E talvez o facto de lidar com esses citados factoresa em ambiente que não o meu - pelo menos até que se me desenvolvam as guélras - faça que com alguma facilidade estabeleça prioridades mais ou menos bem definidas acerca de quem é bom ou mau, relevante ou indiferente, apaixonante ou vulgar e que apresenta uma momentânea voluptuosidade.
Pelo que faço questão de aproveitar cada dia como se do último se tratasse - quase sempre o é mas se o fosse em plenitude já estaria em plena Hollywood a rivalizar com o Toninho Cruz ou o Brand das Pitas e como não entro em jogos que à partida vou perder... - e assim o fiz nesta solarenga manhã de Inverno:
Spot> Praia do Batélo_Peniche_10Março2010
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